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Bíblia Sagrada comentada por livros por José Carlos Ribeiro também em Inglês, grego e hebraico Apocalipse: Revelações: português

  Bíblia Sagrada  comentada por livros por José Carlos Ribeiro                                                               Apocalipse: Revelações:  português
                Não queremos, porém, irmãos, que sejais ignorantes com respeito aos que dormem, para não vos entristecerdes como os demais, que não têm esperança. Pois, se cremos que Jesus morreu e ressuscitou, assim também Deus, mediante Jesus, trará, em sua companhia, os que dormem. Ora, ainda vos declaramos, por palavra do Senhor, isto: nós, os vivos, os que ficarmos até a vinda do Senhor, de modo algum precederemos os que dormem. Porquanto o Senhor mesmo, dada a sua palavra de ordem, ouvida a voz do arcanjo, e ressoada à trombeta de Deus, descerá dos céus, e os mortos em Cristo ressuscitarão primeiro; depois, nós, os vivos, os que ficarmos, seremos arrebatado juntamente com eles, entre nuvens, para o encontro do Senhor nos ares, e, assim, estaremos para sempre com o Senhor. “Consolai-vos, pois, uns aos outros com estas palavras" (1 Tess. 4.13-18).
 Primeira certeza: os mortos não estão mortos.  "Pois, se cremos que Jesus morreu e ressuscitou, assim também Deus, mediante Jesus, trará, em sua companhia, os que dormem" (v.14).
        Esta certeza consiste em três partes: a) No Novo Testamento, a ressurreição se refere principalmente ao corpo.  O "dormir" dos crentes ou a expressão "os que dormem" dizem respeito aos corpos dos cristãos (At.13.36-37; Rom. 8.10-11,23; 1 Cor. 15.35-46). A Bíblia não ensina o "sono" da alma! Por exemplo, o homem rico e Lázaro, depois que morreram, estavam respectivamente no reino dos mortos (hades) e no paraíso, mas absolutamente conscientes (Luc. 16.19-31). O corpo, que deixamos por ocasião da morte, "dorme"; mas o espírito do crente, sua personalidade, seu ser, sua consciência, encontra-se com Cristo a partir do momento da morte. O apóstolo Paulo estava totalmente convicto dessa realidade, motivo porque escreveu: "...Tendo o desejo de partir e estar com Cristo, o que é incomparavelmente melhor" (Filipenses 1.23). Quando os saduceus discutiram com Jesus acerca da ressurreição dos mortos, Ele lhes disse: "E, quanto à ressurreição dos mortos, não tendes lido o que Deus vos declarou (Êx. 3.6): Eu Sou o Deus de Abraão, o Deus de Isaque e o Deus de Jacó? Ele não é Deus de mortos, e sim de vivos" (Mat. 22.31-32).
O Senhor Jesus Cristo diz: "Eu sou a ressurreição e a vida. Quem crê em mim, ainda que morra, viverá; e todo o que vive e crê em mim nunca morrerá. Crês tu isto? .." (Jõ.11.25-26). Em João 8.51 Ele também acentua: "...Se alguém guardar a minha palavra, não verá a morte" Se bem que o corpo adormece, o espírito daquele que crê em Jesus continua vivendo. Em 2 Coríntios 5.8, está escrito que "deixar o corpo" significa ao mesmo tempo "habitar com o Senhor". Em outras palavras: assim que deixamos o corpo estamos com Cristo. Em Rom. 8.10, se refere a uma verdade espiritual que já aconteceu, mas por outro lado, essa verdade também se aplica ao futuro após a morte: "Se, porém, Cristo está em vós, o corpo, na verdade, está morto por causa do pecado, mas o espírito é vida, por causa da justiça."
Em 1 Tessalonicenses 4.16 lemos acerca dos "mortos em Cristo". Uma vez que Jesus ressuscitou e vive, 
também vivem todos os que dormiram nEle. Espiritualmente eles estão em Cristo e vivem com Cristo ("Pois a nossa pátria está nos céus" – (Filip 3.20), fisicamente eles serão ressuscitados.
b) A esperança de estar com Cristo: Mas a realidade é ainda mais maravilhosa, e isso também faz parte da certeza da salvação e do arrebatamento. Como cristãos, não dizemos por acaso: "O Senhor levou tal irmão ou tal irmã". Realmente é verdade que um cristão é buscado por Jesus, enquanto um não-crente é levado pela morte. A Igreja de Jesus não verá a morte: "Não queremos, porém, irmãos, que sejais ignorantes com respeito aos que dormem, para não vos entristecerdes como os demais, que não têm esperança" (1 Tess. 4.13). Os outros estão fora (v.12), não estão em Cristo!  O versículo 14 trata dos que dormem em Jesus: "Pois, se cremos que Jesus morreu e ressuscitou, assim também Deus, mediante Jesus, trará, em sua companhia, os que dormem."  Isso fica mais claro na Edição Revista e Corrigida: "Porque, se cremos que Jesus morreu e ressuscitou, assim também aos que em Jesus dormem Deus os tornará a trazer com ele". Os cristãos que morreram foram postos para dormir por Jesus, assim como uma mãe ou um pai põem seus filhos para dormir à noite. Isso significa na prática: quando um crente morre, ele é buscado por Jesus, e assim não verá a morte. Estou convicto de que o Senhor está presente na morte de cada um de Seus filhos, para levá-los para junto de Si. è  c) A garantia de que os mortos virão com Cristo:
A promessa de que Deus, "mediante Jesus, trará, em sua companhia, os que dormem" é uma afirmação revolucionária. É importante observar que não está escrito: "trará para Ele", mas "trará, em sua companhia", ou seja, "trará com Ele". O próprio Senhor comunica ao apóstolo, e assim a toda a Igreja, que os mortos em Cristo não serão prejudicados de modo algum, mas que até terão a primazia. Quando voltar, Jesus trará consigo os que morreram nEle, pois eles já estão com Ele (1 Tess 4.14-15), e ressuscitará seus corpos mortos em primeiro lugar (v.16). Somente depois disso acontecerá à transformação dos crentes ainda vivos, e então eles serão arrebatados juntos ao encontro do Senhor (v.17). Examinemos o versículo 14 em duas outras versões: “Visto que nós cremos que Jesus morreu e depois voltou à vida, podemos também crer que, quando Jesus voltar, Deus trará de volta com Ele todos os cristãos que já morreram" (A Bíblia Viva). “Porque, se cremos que Jesus morreu e ressuscitou, assim também aos que em Jesus dormem Deus os tornará a trazer com ele" (Edição Revista e Corrigida). Portanto, isso significa simplesmente que os trazidos com Jesus em sua vinda, são os espíritos sem corpo dos que morreram em Cristo. Primeiro, seus corpos serão ressuscitados e juntados aos espíritos. Depois os crentes vivos serão transformados e toda a Igreja será levada para o céu com Jesus. O fundamento dessa esperança de ressurreição foi criado exclusivamente por Jesus através da Sua morte e ressurreição. Disso consiste a força e o poder da ressurreição. Agora, o que importa é se cremos na Sua morte e ressurreição (v.14). Certa vez Jesus perguntou aos Seus discípulos: "Quem dizeis (ou crêdes) que Eu Sou?" (Mat.16.15). Então Pedro deu a única resposta certa: "Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo" (v.16). Em sua opinião, quem é Jesus? Segunda certeza: o Senhor voltará pessoalmente. "Porquanto o Senhor mesmo... descerá dos céus...” (1 Tessalonicenses. 4.16). A ressurreição: o arrebatamento será o momento em que o Senhor Jesus deixará Seu trono no céu e virá pessoalmente ao encontro da Sua Igreja a fim de levá-la para a casa do Pai.    
Assim como um noivo vai ao encontro da sua noiva, o Salvador virá ao encontro dos que comprou pelo Seu sangue e os conduzirá para Sua glória. O Senhor não enviará um anjo ou qualquer outro emissário para fazer isso, Ele virá pessoalmente. Então se cumprirá literalmente a promessa de João 14.3: "E, quando eu for e vos preparar lugar, voltarei e vos receberei para mim mesmo, para que onde eu estou, estejais vós também." Assim como Ele em pessoa nos salvou e morreu na cruz por nós, assim como Ele mesmo foi preparar-nos lugar, Ele voltará pessoalmente para buscar-nos para Si, para que estejamos onde Ele está. Em inúmeras passagens do Novo Testamento somos conclamados a esperar a volta de Jesus a qualquer momento (por exemplo, em 1 Cor. 11.26; 1 Tess. 1.10; Heb. 10.37).
Terceira certeza: a palavra de ordem:  "Porquanto o Senhor mesmo, dada a sua palavra de ordem, ouvida a voz do arcanjo, e ressoada a trombeta de Deus, descerá dos céus, e os mortos em Cristo ressuscitarão primeiro" (1 Tess. 4.16). A Edição Revista e Corrigida diz: "Porque o mesmo Senhor descerá do céu com alarido e com voz de arcanjo, e com a trombeta de Deus; e os que morreram em Cristo ressuscitarão primeiro". Segundo meu entendimento, o próprio Senhor dará esta palavra de ordem, pois Ele é o Soberano a quem todos os exércitos celestiais obedecem. Isso é indicado nas seguintes passagens: "Em verdade, em verdade vos digo que vem a hora e já chegou em que todos os mortos ouvirão a voz do Filho de Deus; e os que a ouvirem viverão" (Jõ 5.25). Jesus, o Bom Pastor, também disse: "As minhas ovelhas ouvem a minha voz; eu as conheço, e elas me seguem. Eu lhes dou a vida eterna; jamais perecerão, e ninguém as arrebatará da minha mão" (Jõ. 10.27-28). Você já é uma ovelha do rebanho de Jesus? A resposta a essa pergunta tem importância decisiva em relação à eternidade. Você já tem um relacionamento pessoal com Jesus, por tê-lo recebido em sua vida (Jõ 1.12)? Você pode dizer com certeza que é um filho de Deus? Se não o pode, pedimos que você dê, esse passo decisivo ainda hoje!  Quando o Senhor Jesus ressuscitou a Lázaro, lemos que Ele clamou dando uma ordem: “... (Jesus) clamou em alta voz: Lázaro vem para fora!" (Jõ. 11.43). Devemos imaginar o seguinte: no decorrer dos tempos, milhões de pessoas crentes no Senhor Jesus dormiram, ou seja, faleceram. Aí chega a hora do arrebatamento. O Senhor se levanta do Seu trono e clama: "Vem para fora!" Então as sepulturas se abrirão, e nenhum dos que foram comprados pelo Seu sangue ficará para trás. Não importa se seus corpos foram queimados, se morreram contaminados por radiação nuclear ou se estão nas profundezas dos mares. Ele é o Criador, Ele os ressuscitará e os conduzirão ao encontro de seus espíritos, almas.
 No Salmo 33.9, está escrito acerca dEle, o Filho do Altíssimo: "Pois Ele falou, e tudo se fez; Ele ordenou, e tudo passou a existir" (compare também Isa. 55.4).  Essa "palavra de ordem" do Senhor vem da linguagem militar. Ela é semelhante à voz de comando de um general que chama suas tropas para o combate. Por ocasião do arrebatamento, o General celestial dará ordem às tropas que lutam por Ele, que deveriam estar revestidas de toda a armadura espiritual (Efésios. 6.11), para que deixem o campo de batalha sobre a terra e venham com Ele para a Sua glória.
 Quarta certeza: a voz do arcanjo: "Porquanto o Senhor mesmo, dada a sua palavra de ordem, ouvida a voz do arcanjo, e ressoada à trombeta de Deus, descerá dos céus, e os mortos em Cristo ressuscitarão primeiro" (1 Tess. 4.16). A designação "arcanjo" se aplica a apenas um anjo na Bíblia, isto é, a Miguel: "Contudo, o arcanjo Miguel..." (Judas 9). Miguel significa "Quem é como Deus?" 
Este anjo é um dos mais importantes em hierarquia (Dan. 10.13). No tempo de Daniel, Miguel lutou contra um príncipe dos demônios no mundo celestial e veio ajudar Gabriel, para que este pudesse confirmar a Daniel que suas orações haviam sido atendidas (Dan. 10.12-14 e 21). Anteriormente este arcanjo também lutou com Satanás pelo corpo de Moisés: "Contudo, o arcanjo Miguel, quando contendia com o diabo e disputava a respeito do corpo de Moisés, não se atreveu a proferir juízo difamatório contra ele; pelo contrário, disse: O Senhor te repreenda!" (Jd 9). No final, Miguel e seus exércitos de anjos lutarão contra os exércitos de demônios de Satanás, os vencerão e lançarão sobre a terra para que não tenham mais acesso ao céu (Apoc. 12.7-9).
           Por que se ouvirá a voz do arcanjo Miguel no momento do arrebatamento? Por que e para que Ele levantará a sua voz, após a palavra de ordem do Senhor para o arrebatamento? A chave ou a resposta para isso está nas significativas palavras do arcanjo Gabriel ao judeu Daniel: "Mas Eu te declararei o que está expresso na escritura da verdade; e ninguém há que esteja ao meu lado contra aqueles, a não ser Miguel, vosso príncipe" (Dan 10.21). Este arcanjo intervém de modo especial em favor do povo de Israel: "Nesse tempo, se levantará Miguel, o grande príncipe, o defensor dos filhos do teu povo..." (Dan. 12.1). Devemos lembrar que no momento em que o Senhor Jesus Cristo der a ordem para a ressurreição e para o arrebatamento da Sua Igreja, a dispensação da graça terminará. Então o "corpo de Cristo" estará completo, então o Pentecostes em sentido inverso (a retirada do Espírito Santo) acontecerá e a Igreja será levada para o céu. Depois disso será restabelecida novamente uma espécie de "situação do Antigo Testamento".
A conexão entre a 69ª e a 70ª semana de anos de Daniel. Lembremo-nos apenas do quinto selo e daqueles na Grande Tribulação "... que tinham sido mortos por causa da palavra de Deus e por causa do testemunho que sustentavam. Clamaram em grande voz, dizendo: Até quando, ó Soberano Senhor, santo e verdadeiro, não julgas, nem vingas o nosso sangue dos que habitam sobre a terra?" (Apoc. 6.9-10). Conforme meu entendimento, estes não pertencem à Igreja, pois verdadeiros discípulos de Jesus não pedem vingança. Pelo contrário. Ao morrer apedrejado pelos fariseus e escribas, Estevão clamou: ‘Senhor Jesus, recebe o meu espírito! Então, ajoelhando-se, clamou em alta voz: Senhor não lhes impute este pecado! “Com estas palavras, adormeceu” (At 7.59-60). Quanto às condições típicas do Antigo Testamento durante a Grande Tribulação, lembremos também das duas testemunhas, que farão milagres, ferirão a terra com toda sorte de flagelos e farão sair fogo das suas bocas para devorar os inimigos (Apocalipse 11.3-6; compare também Lucas. 9.54-55). A Igreja de Jesus era um mistério, ela foi inserida por Deus entre a 69ª e a 70ª semana de anos de Daniel. Depois que ela for arrebatada, começará a 70ª semana de anos (ligada à 69ª semana) de Daniel 9. Enquanto a Igreja estiver na casa do Pai celestial, o mundo e Israel entrarão na Grande Tribulação. Assim, o povo judeu passará outra vez inteiramente para o centro da ação de Deus.
              Por isso o príncipe angélico de Israel entrará novamente em ação (como no caso de Daniel), e levantará a sua voz. Para quê? Em favor do povo de Israel: "Nesse tempo, se levantará Miguel, o grande príncipe, o defensor dos filhos do teu povo, e haverá tempo de angústia, qual nunca houve, desde que houve nação até àquele tempo; mas, naquele tempo, será salvo o teu povo, todo aquele que for achado inscrito no livro" (Dan. 12.1). "Naquele tempo" significa: quando a Igreja tiver sido arrebatada, o anticristo tiver aparecido e a Grande Tribulação tiver começado, o arcanjo Miguel intervirá em favor do povo de Israel, pois então começará a salvação do remanescente de Israel: "Muitos dos que dormem no pó da terra ressuscitarão, uns para a vida eterna, e outros para vergonha e horror eterno. Os que forem sábios, pois, resplandecerão como o fulgor do firmamento; e os que a muitos conduzirem à justiça, como as estrelas, sempre e eternamente. Tu, porém, Daniel, encerra as palavras e sela o livro, até ao tempo do fim; muitos o esquadrinharão, e o saber se multiplicará... Muitos serão purificados, embranquecidos e provados; mas os perversos procederão perversamente, e nenhum deles entenderá, mas os sábios entenderão" (Dan. 12.2-4 e 10). A voz do arcanjo em geral também é entendida como uma chamada coletiva de reunião e recolhimento dos santos do Antigo Testamento.
          Atualmente muitos israelitas já chegaram ao conhecimento mais elevado que existe: eles creram em Jesus Cristo, o seu Messias! E o próprio Senhor acrescenta sempre mais judeus à Sua Igreja, como se conclui pelo seguinte relato: (...) Cinco pessoas foram batizadas em outubro. Shalom e Ora, um jovem casal israelense, e duas filhas converteram-se através de sua vizinha, que frequenta regularmente a igreja. "É algo especial", escreve John Pex, "quando jovens judeus reconhecem o seu Messias, principalmente quando um casal se converte e é batizado". (...) A loja da Sociedade Bíblica em Tel Aviv está muito bem localizada e é visitada por muitos israelenses. Andy Ball, seu diretor, relata o exemplo de uma mulher ortodoxa que comprou um Novo Testamento na loja: ela queria conhecer a fé cristã em primeira mão. Uma funcionária do governo queria um Antigo Testamento em árabe para outra pessoa e nessa oportunidade comprou um Novo Testamento para si própria. A loja bíblica também abastece outras casas de comércio, universidades e hotéis com Novos Testamentos, livros e artigos cristãos... (Amzi 3/98)
Ao profeta Daniel foi ordenado: "Tu, porém, Daniel, encerra as palavras e sela o livro, até ao tempo do fim; muitos o esquadrinharão, e o saber se multiplicará." Que tipo de saber se multiplicará? Resposta: cada vez mais judeus reconhecerão que Jesus é o Messias. Já observamos o início disso hoje em dia. 
O número de membros das igrejas judaico-messiânicas multiplicou-se por 10 nos últimos 30 anos! Mas, voltando à voz do arcanjo: podemos imaginar que Miguel acompanhará o Senhor quando Ele vier buscar a Sua Igreja. A Bíblia Viva diz: "Pois o próprio Senhor descerá do céu com um potente clamor, com o vibrante brado do arcanjo e com o vigoroso toque de trombeta de Deus" (1 Tess 4.16).
              Evidentemente o Senhor não teria necessidade desse acompanhamento, mas parece que o arcanjo Miguel é o guerreiro que atua nos ares contra Satanás (Daniel 10), e como Israel terá entrado em cena novamente, o arcanjo intervirá lutando em favor do povo da aliança de Deus.
 O arrebatamento da Igreja de Jesus (toda pessoa salva, seja judeu ou gentio, será retirada da terra) provocará um golpe repentino, dramático e inimaginável na história da humanidade que ficará para trás. Esse acontecimento revolucionário desencadeará uma série de outros acontecimentos subsequentes. Queremos destacar um deles:  Em Israel irromperá um avivamento:  Romanos 11.25 diz de maneira bem clara: "Porque não quero, irmãos, que ignoreis este mistério (para que não sejais presumidos em vós mesmos): que veio endurecimento em parte a Israel, até que haja entrado a plenitude dos gentios (na Igreja de Jesus)." Quando a plenitude dos gentios (das nações) tiver entrado no "corpo de Cristo", ele será levado para o céu. Aí terminará o endurecimento de Israel, sua cegueira acabará. Então muitos judeus chegarão ao saber de Daniel 12.4, entendendo que o Senhor Jesus é o seu Messias. É muito provável que nos dias após o arrebatamento milhares e milhares de judeus se converterão a Jesus, à semelhança do que aconteceu no começo da Igreja no livro de Atos. Então brotará e nascerá a semente do Evangelho espalhada oralmente e de forma impressa pelos judeus messiânicos, que nesse tempo também terão sido arrebatados. Os que ficarem para trás, familiares, amigos, colegas, etc., procurarão Bíblias, livros e outras publicações cristãs deixadas pelos arrebatados. Eles se lembrarão daquilo que leram e ouviram de comentários bíblicos e pregações sobre a esperança pelo Messias. Essa esperança já germina atualmente no coração de muitos judeus.
Depois do arrebatamento aparecerão também os 144.000 selados de Israel (Apoc. 7.4-8) e as duas testemunhas (Apoc. 11.3). Cada vez mais judeus se converterão e levarão o Evangelho ao seu próprio povo e aos gentios. Nisto os judeus terão uma grande vantagem, pelo fato de terem sido espalhados por todo o mundo e dominarem muitas línguas diferentes. Mas para sermos exatos, devemos dizer também que nem todos os judeus se converterão. Muitos farão aliança com o Anti-Cristo dizer (Dan. 9.26-27; Apoc. 13.1; Isa. 28.14-16).  Quando fala desse tempo, também Daniel diz que muitos serão purificados (converter-se-ão), mas muitos permanecerão ímpios; que muitos entenderão, mas muitos outros não entenderão (Dan. 12.10). Apenas um remanescente será salvo, como se vê claramente em outras passagens das Escrituras (por exemplo, em Romanos. 9.27; Ezequiel. 20.33-38). Mas atrás de todo esse remanescente crente se colocará o arcanjo Miguel como príncipe de Israel. No arrebatamento ele levantará a sua voz, porque terá chegado sua hora para agir em favor do remanescente de Israel.  Como vimos em nossos dias muitos israelitas estão crendo no seu Messias, em Jesus Cristo. Será que o Senhor está preparando o Seu povo para o arrebatamento e a Grande Tribulação? Será que Ele o faz porque a hora já está muito adiantada? Quinta certeza: a trombeta de Deus: "Porquanto o Senhor mesmo, dada a sua palavra de ordem, ouvida a voz do arcanjo, e ressoada à trombeta de Deus, descerá dos céus, e os mortos em Cristo ressuscitarão primeiro" (1 Tess. 4.16). A trombeta de Deus aqui mencionada é a mesma de 1 Coríntios 15.52: "...num momento, num abrir e fechar de olhos, ao ressoar da última trombeta.
          “ A trombeta soará, os mortos ressuscitarão incorruptíveis, e nós seremos transformados."  
Esta trombeta de Deus chamará todos os santos de todos os tempos para a casa do Pai. Por que ela é chamada de "última trombeta"? Porque então a dispensação da graça chegará ao fim. A dispensação da anunciação do Evangelho da graça começou com uma "trombeta" e terminará com uma trombeta. Por que ela começou com uma "trombeta"? Porque podemos dizer que a pregação do Evangelho "repercutiu", "ressoou". Por exemplo, a frase: "Porque de vós repercutiu a palavra do Senhor..." (1 Tess.1.8), significa literalmente: "porque vocês trombetearam a palavra do Senhor". Em Romanos 10.18 está escrito: "Mas pergunto: Porventura, não ouviram? Sim, por certo: Por toda a terra se fez ouvir a sua voz, e as suas palavras, até aos confins do mundo.”
 A trombeta do Evangelho conclamando para a salvação em Jesus Cristo ressoou por quase dois mil anos. Em breve se ouvirá a última trombeta, o Evangelho deixará de ser pregado a dispensação da graça chegará ao fim e a Igreja estará concluída, a sua plenitude terá sido alcançada. A Igreja será chamada para subir à casa do Pai. Em que será que pensaram os Tessalonicenses, que em grande parte eram judeus, quando Paulo escreveu sobre a trombeta? O Apocalipse ainda não existia, portanto eles ainda não sabiam nada sobre as sete trombetas de juízo ali descritas. Por isso, certamente eles pensaram na trombeta da salvação de Números 10.2-10. Nesse trecho do Antigo Testamento são mencionadas duas trombetas que eram tocadas em certas ocasiões. A ordem de Deus dizia: "Faze duas trombetas de prata; de obra batida as farás; servir-te-ão para convocares a congregação e para a partida dos arraiais" (Num. 10.2). Por um lado, portanto, estas trombetas de prata eram tocadas para convocar, chamar, juntar e reunir, e por outro lado para levantar acampamento e partir. Isso não tem sentido profético? Convocação (chamamento), pregação do Evangelho para vir a Jesus ("muitos são chamados..."), até que a plenitude estiver reunida. Partida: ressurreição: arrebatamento para a casa do Pai. É interessante verificar que essas trombetas deviam ser confeccionadas de prata. Que prata era usada para essa finalidade? O siclo de prata do resgate [salvação] (Êxodo 30.12-13). Esses siclos eram dados como pagamento de resgate pela vida dos israelitas, para que não houvesse entre eles nenhuma praga. Isso também nos faz lembrar-se das 30 moedas de prata que foram pagas pela prisão do Senhor Jesus, que obteve a nossa salvação na cruz. As diferentes maneiras de tocar trombetas significavam, entre outras coisas, o seguinte:   a) Quando as duas trombetas eram tocadas de maneira normal, isso servia para o chamamento e ajuntamento de toda a congregação na porta da tenda da congregação (Num. 10.3) Um chamamento para salvação.  b) Quando as trombetas eram tocadas a rebate, fortemente, como "sinal de alarme", isso indicava a ordem para partir. O último toque da trombeta, o sinal do arrebatamento.  Agora ainda ressoa a trombeta do Evangelho para chamamento e ajuntamento. Mas quando for tocada a última trombeta de Deus como "sinal de alarme" para o arrebatamento, ao mesmo tempo isto será um sinal para o ajuntamento de Israel, porque então terá chegado o tempo do seu salvamento. É o que se conclui de Números 10.9: "Quando, na vossa terra, sairdes a pelejar contra os opressores que vos apertam, também tocareis as trombetas a rebate, e perante o Senhor, vosso Deus, haverá lembrança de vós, e sereis salvos de vossos inimigos.”
        Depois do arrebatamento virá o opressor, o anticristo, mas o Senhor se lembrará de Israel e no final salvará o Seu povo. Isaías 27.12-13 anuncia isso de maneira muito bonita: "Naquele dia, em que o Senhor debulhará o seu cereal desde o Eufrates até ao ribeiro do Egito; e vós, ó filhos de Israel, sereis colhidos um a um. Naquele dia, se tocará uma grande trombeta, e os que andavam perdidos pela terra da Assíria e os que forem desterrados para a terra do Egito tornarão a vir e adorarão ao Senhor no monte santo de Jerusalém.” Pelos motivos já mencionados e os que vamos acrescentar a trombeta de Deus para o arrebatamento, segundo o meu entendimento, não equivale às sete trombetas do Apocalipse (capítulos 8-11).  A trombeta de Deus para o arrebatamento anuncia a conclusão da era da graça. Trata-se da trombeta da salvação. No seu som temos a salvação, o perdão e a vitória do Evangelho. Ela ressoa principalmente para a Igreja, mas também para Israel, no sentido de que então o remanescente será reunido. 
 As trombetas tocadas pelos anjos em Apocalipse, entretanto, são todas trombetas de juízo sobre o mundo das nações que rejeitou a Cristo. Além disso, os vinte e quatro anciãos (a Igreja, veja Apoc. 4.9-11) já se encontram no céu por ocasião da sétima trombeta e anunciam a volta de Jesus e Seu reino (Apoc.11.15-17). É muito interessante observar que outras traduções de 1 Tessalonicenses 4.16, por exemplo a Edição Corrigida e Revisada, dizem: "... Porque o mesmo Senhor descerá do céu... com a trombeta de Deus...". Isto quer dizer que o próprio Senhor – como Sumo Sacerdote da Sua Igreja tocará a trombeta, porque ela estará na Sua mão. Ele mesmo chamará os Seus para casa. Ele mesmo dará a ordem e o sinal para a retirada da Sua Igreja. Segundo o meu entendimento, isso também é o mais provável, pois a trombeta é chamada de "trombeta de Deus", e Jesus Cristo é Deus (Tito 2.13; 1 Jõ 5.20). Por que não seria o Salvador que haveria de chamar os Seus salvos? Aliás, no Antigo Testamento apenas os sacerdotes podiam tocar as trombetas. E Jesus é o Sumo Sacerdote, não um anjo qualquer. As sete trombetas de juízo ( Apoc. 8.6-9,12; 11.15) são empunhadas e tocadas por anjos. Por isso, deve haver uma diferença entre a trombeta do arrebatamento e as sete trombetas de juízo.
Sexta certeza: ressurreição e arrebatamento: "Porquanto o Senhor mesmo, dada a sua palavra de ordem, ouvida a voz do arcanjo, e ressoada à trombeta de Deus, descerá dos céus, e os mortos em Cristo ressuscitarão primeiro; depois, nós, os vivos, os que ficarmos seremos arrebatados juntamente com eles, entre nuvens, para o encontro do Senhor nos ares, e, assim, estaremos para sempre com o Senhor" (1 Tess. 4.16-17). Não se trata aqui de uma ressurreição geral. Somente os mortos em Cristo e os vivos em Cristo serão ressuscitados ou transformados. Todos os demais mortos permanecerão nas suas sepulturas até o dia do juízo final. O que é descrito aqui é uma ressurreição seletiva dentre os mortos e realmente diz respeito somente àqueles que estão em Cristo.
       Em João 5.28-29 o Senhor mencionou duas diferentes ressurreições: "Não vos maravilheis disto, porque vem a hora em que todos os que se acham nos túmulos ouvirão a sua voz e sairão: os que tiverem feito o bem, para a ressurreição da vida; os que tiverem praticado o mal, para a ressurreição do juízo." E quando Jesus desceu do monte com Seus discípulos depois da Sua transfiguração, Ele lhes disse algo que muito os admirou e que até então eles ainda não tinham ouvido. Trata-se de uma expressão totalmente nova em relação ao arrebatamento: "Ao descerem do monte, ordenou-lhes Jesus que não divulgassem as coisas que tinham visto, até o dia em que o Filho do Homem ressuscitasse dentre os mortos. Eles guardaram a recomendação, perguntando uns aos outros que seria o ressuscitar dentre os mortos?" (Marcos 9.9-10).
           Jesus foi o primeiro que ressuscitou dentre os mortos (At. 26.23; Col. 1.18; 1 Cor. 15.20). Também 1 Coríntios 15.23; fala disso: "Cada um, porém, por sua própria ordem: Cristo, as primícias; depois, os que são de Cristo, na sua vinda." Esta afirmação, em conexão com 1 Tessalonicenses 4.16, explica que todos os que estão em Cristo ressuscitarão dentre os mortos. Esta é a chamada "primeira ressurreição" (Apoc. 20.5-6). As outras pessoas, as que não estavam em Jesus, que não pertenciam a Ele pela fé salvadora e, assim, não tinham um relacionamento pessoal com Ele, serão ressuscitadas mil anos mais tarde e então irão para o inferno (Apoc. 20.11-15).
Na primeira ressurreição/arrebatamento o Senhor Jesus deixará o Seu trono e, vindo do céu (da casa do Pai), aparecerá nos ares (1 Tess. 4.17). Ele não virá de maneira visível sobre a terra, mas permanecerá na atmosfera superior. Os espíritos, almas dos que dormiram nEle, o acompanharão, como provavelmente também o arcanjo Miguel. Então serão ressuscitados primeiro os corpos dos que morreram em Cristo.
Logo a seguir, os corpos dos que ainda estiverem vivos serão transformados. Então a Igreja será arrebatada coletivamente ao encontro do Senhor nos ares, entre nuvens, e Ele levará Sua noiva para a casa do Pai. A Igreja terá então deixado seu lugar na terra e João 14.1-6 estará cumprido. Tudo isso naturalmente acontecerá numa fração de segundos (1 Cor. 15.51-53).
 Sétima certeza: estar para sempre com o Senhor. “... E, assim, estaremos para sempre com o Senhor. Consolai-vos, pois, uns aos outros com estas palavras" (1 Tess. 4.17-18). Esta garantia: “... Estaremos para sempre com o Senhor", é um consolo eterno acima de tudo o que é passageiro neste mundo... A partir desse momento, nada mais estará sujeito à morte para qualquer filho de Deus. Todas as tristezas do passado, todas as misérias e tentações, todas as perguntas, tudo será esquecido e respondido por este fato: “... estaremos para sempre com o Senhor." "Estaremos para sempre com o Senhor" significa que a Igreja estará sempre onde Jesus estiver; ela participará de toda a Sua riqueza divina. Então se cumprirá o que está escrito em Tito 2.13: “... aguardando a bendita esperança e a manifestação da glória do nosso grande Deus e Salvador Cristo Jesus.”  “Aguardando ansiosamente aquele tempo quando se verá a sua glória; a glória do nosso grande Deus e Salvador Jesus Cristo" (A Bíblia Viva).
                Mas quem não tem Jesus cai num abismo insondável de desespero. Aquele que não tem Jesus perde a bendita e eterna esperança. Justamente nesta passagem da ressurreição e do arrebatamento, a Bíblia nos mostra que haverá pessoas que estarão dentro (1 Tess. 4.16) e pessoas que estarão fora (v.12), que haverá pessoas cheias de esperança e pessoas sem esperança (v.13), pessoas que estarão para sempre com o Senhor e pessoas eternamente separadas dEle (v.17), pessoas consoladas e pessoas sem consolo (v.18). Aquele que não está em Cristo não tem nenhum relacionamento com Deus; tal pessoa está "fora", sem esperança, porque não tem lar. Uma pessoa sem Jesus ficará eternamente sem consolo e sem paz.
 Como você pode ganhar o direito de morar na casa do Pai celestial, adquirir a esperança de "estar para sempre com o Senhor" e transmitir esse consolo também para outros? Decidindo-se por Jesus Cristo e por Sua obra de salvação consumada na cruz, também por você. Se você aceitar isso pela fé, 1 Tessalonicenses 4.14-18; realmente se cumprirá também em sua vida. Por isso, decida-se totalmente por Jesus Cristo, o Filho do Deus vivo! A Palavra do Deus Eterno lhe diz em Jó 11.13 e 18: "Se dispuseres o coração e estenderes as mãos para Deus... Sentir-te-ás seguro, porque haverá esperança".    (Norbert Lieth - http://www.chamada.com.br   Apocalipse: http://pt.wikipedia.org/wiki/Arrebatamento                                                                                                           Veja um segundo comentário em Apocalipse:   O Apocalipse como profecia: Já foi visto que, de acordo com o próprio nome do livro (Apocalipse = “revelação”- 1,1), o escritor procura apresentar o real sentido da vida cristã e do sofrimento através de uma “revelação” de Jesus Cristo. Mas o escritor também se apresenta como profeta (22,9) e caracteriza seu livro como profecia (1,3; 22,19). Qual a importância disso para o entendimento do texto? O escritor do Apocalipse baseia-se no conceito vétero-testamentário de “profecia” para definir sua atividade. Nesse sentido, profecia é: Uma mensagem recebida diretamente de Deus. Essa era a principal característica dos verdadeiros profetas em relação aos falsos (Jer. 23,18-22). Eles entravam no “conselho” do Senhor. Esse conselho é composto pela Trindade e os seres celestiais que estão na presença de Deus e pode ser visto nas cenas dos capítulos 4 e 5 do Apocalipse. É ali que João, como profeta, se encontra (4,1). Portanto, o profeta é fundamentalmente o que recebe “de Deus” sua mensagem. Por isso, ela é importante e não pode ser alterada (22,18-19). Além de provir de Deus, a profecia nos tempos neo-testamentários é centralizada em Jesus (19,10). O espírito, o centro da profecia é o “testemunho de Jesus”. Ela visa fornecer uma mensagem sobre Jesus Cristo, e não “satisfazer” nossa curiosidade quanto ao futuro.  Uma mensagem que aponta para a vinda final de Jesus Cristo. Ela segue aqui a perspectiva pela qual o Velho Testamento era interpretado: cristologicamente, isto é, vendo nele predições que apontavam para Jesus Cristo (Lucas. 24,44).                                                                      O Apocalipse segue essa linha apresentando uma visão “cristológica” da história, afirmando que Jesus controla a história e indicando que os eventos relativos à sua segunda vinda “estão próximos” (1,3). Na realidade, para o Novo Testamento, desde que Jesus encarnou e ressuscitou, ele “já está chegando”.                       
              É por isso que o escritor pode falar do julgamento sobre Roma como algo muito próximo. Porém o livro não fala de acontecimentos “particulares”, mas de ações de Jesus que se darão como consequência de sua segunda vinda.  Uma mensagem que chama ao arrependimento. Essa é uma das principais características da profecia. Na realidade, ela é uma palavra que tem uma forte ênfase no “presente”, no comportamento do povo.  Para criticar a prática pecaminosa, o profeta volta-se para o “passado” e encontra nele as orientações de Deus dadas no Pentateuco (quando o profeta vive nesse período), ou nas palavras de Jesus (quando o profeta é cristão). A partir daí faz advertências para que se abandone a prática do pecado, pois se não houver arrependimento, Deus irá punir tal comportamento no “futuro”.  Portanto, a profecia fala do futuro como consequência da vida do povo no presente.     É nesse contexto que o profeta fala às igrejas nos capítulos 2 e 3 chamando-as ao arrependimento e advertindo-as quanto ao futuro (2,5. 16. 21-23; 3,3).                                    
 1. Capítulo 01. Destinatários. As Sete Igrejas da Ásia Menor (capítulos 2 e 3).è Seis visões desenvolvendo o “paralelismo progressivo” (4,1-22,5).è Abertura dos sete selos (4,1-7,17). Aqui se encontra o “passado” (5,6-7), representando a exaltação de Jesus Cristo após a ressurreição, o “presente” (6,9-11), apresentando os mártires cristãos que estavam sendo mortos, e o “futuro” (6,12-17), revelando a vinda de Jesus Cristo para julgar os opressores de seu povo (6,15-17). èToque das sete trombetas (8,1-11,19).                          Temos o “presente” (8,3-4), nas orações dos santos, e o “futuro” (11,18) na afirmação de que “chegou o dia da ira e o tempo de serem julgados os mortos”. A identidade do império romano e a perseguição dos cristãos por ele (capítulos 12-14). É claro na passagem: o “passado” (12,5), através do nascimento de Jesus, o “presente” (12,17), na perseguição da igreja pelo dragão (Satanás), e o “futuro” (14,14-20 compare com Mat. 13,24-30.36-43).
Sete taças (capítulos 15-16). O “futuro” (16,20) é descrito através da imagem do aniquilamento dos elementos da natureza (= 6,14). A derrota de Roma e da Besta (capítulos 17-19). O “futuro” (19,11 e 13) pode ser observado através da pessoa de Jesus Cristo que vem para lutar contra a Besta (19,20). O aprisionamento do Dragão e a vitória da Igreja (capítulos 20-22). O aspecto “passado” é notado através da referência ao aprisionamento de Satanás (20,2), que se deu na encarnação de Jesus Cristo (Luc. 11,20-22), e o “futuro” está claro na narração do juízo (20,11-14).
è4. Conclusão (22,6-21). Além dos dados acima que mostram o paralelismo progressivo, há um outro recurso para mostrar o desenvolvimento do clima de tensão do livro. São as palavras ira e cólera de Deus. A “ira” aparece em 6,16. 17; 11,18, e “cólera” em 14,19; 15,1.7; 16,1. Elas vêm juntas para enfatizar o sentimento de Deus em 14,10; 16,19 e 19,15. O capítulo 01 do Apocalipse, funcionando como introdução ao livro, tem uma função muito importante. Ele nos dá o título (revelação, profecia), impedindo que façamos confusão em sua interpretação; uma carta de abertura (v.4-8), onde o remetente e os destinatários são identificados, mostrando, assim, o contexto no qual o livro deve ser entendido; e a autoridade com a qual João escreve: ele foi vocacionado para escrever o Apocalipse (v.12-20). Estas informações são fundamentais para o entendimento de todo o livro.   Estrutura das Sete Cartas.  Todas as cartas têm a mesma estrutura que se apresenta em sete pontos:
1. Todas elas são dirigidas ao “anjo da igreja” (2,1. 8.12.18; 3,1. 7.14).
è 2. Todas se apresentam como palavra de Jesus: “Estas coisas diz...” (2,1.8.12.18; 3,1.7.14). è3. Em cada carta, Jesus recebe um título (2,1.8.12.18; 3,1.7.14). Quase todos os títulos vêm da visão que João teve de Jesus (1,12-20).
 è 4. Em todas as cartas, Jesus começa dizendo: “Conheço...”, e descreve as qualidades positivas da comunidade (2,2-3.9. 13.19; 3,8). A comunidade de Laodicéia não tem nada de positivo.
                Ela “não é fria nem quente” (3,15). è 5. Jesus descreve o que cada comunidade tem de negativo e dá advertências (2,4-6.14-16.20-25; 3,2-3.15-19). Duas comunidades não têm nada de negativo: Esmirna e Filadélfia. A estas, Jesus dá conselhos de   perseverança (2,10; 3,11). Na comunidade de Sardes, o negativo é mais forte do que o positivo (3,4).  Por isso, lá se inverte a ordem.  6. Todas elas têm o aviso final: “Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas” (2,7. 11.17.29; 3,6. 13.22).   7. Todas elas terminam com uma promessa ao vencedor (2,7. 11.17.26-28; 3,5. 12.21). (Este sete pontos foram extraídos do livro: “Esperança de um povo que luta.  Analisar as sete igrejas e seus problemas é muito importante para que possamos ter um quadro correto do por que o Apocalipse foi escrito. Nelas temos um misto de igrejas que tem passado por dificuldades, mas que estão se mantendo fiéis, e igrejas que não tem conseguido discernir as exigências da vida cristã. Tal situação não é diferente hoje.  O problema principal para nós, semelhante ao das igrejas da Ásia, é o da assimilação. Cada geração é chamada a refletir sobre sua conduta diante desse desafio.Assimilaremos elementos, correndo o risco de sincretismo, ou nos fecharemos totalmente, podendo nos tornar alienados? Estes dois capítulos falam sobre Deus (cap. 4) e Jesus Cristo (cap. 5), e têm a mesma estrutura: 
Apocalipse 4 – Deus è a). Glória de Deus (4,2-8a) è b. Adoração a Deus (8b-11) èb.1. Primeiro hino (8b)   b.2. Narrativa (9-10) b.3. Segundo hino (11) èApocalipse 5 – Jesus è a. Glória do Cordeiro (5,5-7)   b. Adoração ao Cordeiro (8-12) èb.1. Primeiro hino (9-10)  b.2. Narrativa (11-12a) è b.3. Segundo hino (12b). Esta seção termina com a adoração tanto a Deus quanto a Jesus Cristo (5,13-14).     Abertura dos Sete Selos - caps. 6 e 7.  Deus está no controle de todas as coisas! Jesus tem o domínio sobre a história. Mesmo que passemos por tribulações, o Senhor nos conhece um a um. Isso deve fazer diferença para nós!  O Toque das Sete Trombetas: 8,1-11,19 è Abertura no Céu - 8,1-6. A abertura do sétimo selo introduz uma cena celestial (v.1-2). Um anjo queima incenso para oferecer com as orações dos santos (v.3-4). Os sacrifícios no A.T. eram apresentados com incenso (Lev. 16,12), e a oração, vista como um sacrifício a Deus passou a ser comparada ao incenso que sobe diante de Deus (Sal. 141,2). Esta cena fornece a garantia de que as orações dos fiéis têm chegado a Deus e que Ele as responde. Essa resposta se manifesta quando o anjo pega o fogo do altar e joga sobre a terra (v.5). Isso indica o julgamento de Deus que se dará através do toque das trombetas. Talvez fosse isso que os cristãos pediam em suas orações.
           As Trombetas foram usadas para sublinhar os grandes momentos na história de Israel (foram usadas: para anunciar o combate – Jer. 4,5; nas festas - 2Sam. 15,10; nas cerimônias cultuais – Num. 10,10; nas teofanias Êx. 19,16 ). São elas que anunciarão a vinda de Jesus (Mat. 24,31; 1Cor.15,52; 1Tess 4,16).  
 Somos tentados a identificar as trombetas do Apocalipse com este último sentido. Porém, a análise do texto mostra que essa relação não é correta. Elas não anunciam o fim, mas sim o juízo de Deus que se manifesta na terra e sobre os homens no decorrer da história. Parece que o uso delas é justamente para quebrar essa expectativa iminente, mostrando que ainda não é o fim.    Primeira trombeta (8,7). Representa qualquer tipo de destruição que causa dano a terra (ver a relação com a sétima praga em Êx. 9,24-25). 
Segunda trombeta (8,8-9). Indica, na linguagem apocalíptica, os danos ocorridos no mar.
Os seres aquáticos são atingidos, bem como o comércio marítimo, que era muito importante para Roma, através da destruição das embarcações. Esta catástrofe é mais séria que a primeira, porque atinge, mesmo que indiretamente, os seres humanos (ver a primeira praga em Êxodo. 7,20-21).
Terceira trombeta (8,10-11). Se a terra e o mar já foram atingidos, agora a destruição atinge a água potável. As águas se tornam em “absinto”, uma planta que, por ser muito amarga, passou a ser usada como sinônimo de “veneno”. Nesta trombeta os homens são atingidos diretamente. Muitos deles morrem. Uma depois da outra, os segmentos mais necessários à vida humana na terra são atingidos.
Quarta trombeta (8,12-13). Se o sol tornando-se negro, e as estrelas caindo são sinais da vinda de Jesus (6,12-13), o escurecimento da terça parte do sol, da lua e das estrelas é um sinal antecipatório de que o fim está próximo. É essa a mensagem que a águia traz no versículo 13.
Quinta trombeta (9,1-12). O versículo 13 marcou uma transição entre as quatro primeiras trombetas e as três últimas. As últimas são mais intensas e piores que as anteriores. A citação da “estrela que cai do céu” (v.1) é usada para descrever seres vivos que atuam arrogantemente (Isa. 14,12) e aqui pode referir-se a Satanás (Lc 10,18; Ap 12,9). O “abismo” é o inferno antes do juízo final (Apoc. 20,1. 3).  Os gafanhotos como “escorpiões” (v.3, 10) lembram seres subordinados ao diabo (Luc. 10,19), portanto, “demônios”. 
A imagem, portanto, está clara. Enquanto as trombetas anteriores falavam de males físicos, aqui a ameaça é espiritual. É o sofrimento que o diabo e seus demônios impõem aos homens que “não têm o selo de Deus” (v.4).  Sexta trombeta (9,13-21). Esta última trombeta, antes do final, apresenta um último aviso e mais grave: a morte (v.15, 18). De fato, ela nos faz pensar na nossa situação diante de Deus. Mas mesmo diante dela, os homens não se arrependem (v.20-21).  Agora, à semelhança do que aconteceu com os selos, há um interlúdio (capítulo 10-11,14). Ele serve para aumentar a expectativa antes da última trombeta.  Um anjo vem e afirma através de um juramento que não haverá demora para o fim (10,1-7). Ordena-se a João que coma o livro que está com o anjo (v.8-10), sinal e símbolo de vocação profética (ver Eze. 2,8-3,3).            Comer o livro significa encher-se da revelação profética. Isso acontece porque João tem muito o que profetizar (v.11). 
No capítulo 11, João deve medir o santuário e o altar do templo (v.1). Logicamente o templo aqui não é uma realidade física, visto que ele já havia sido destruído no ano 70 d.C. Possivelmente se refere à Igreja, enquanto santuário de Deus (1Cor. 3,16; 2Cor. 6,16; Ef. 2,21). A medição significa “preservação”. O que não é medido é entregue aos gentios para destruição (v.2). Temos, portanto, a reafirmação daquilo que dissemos anteriormente, que os cristãos são guardados por Deus durante o toque das trombetas. Essa mesma igreja que é protegida por Deus, é mandada testemunhar através do símbolo dos dois profetas (11,3). Eles são Elias (v.6a) e Moisés (v.6b), que eram tidos como os maiores profetas de Israel. Em termos proféticos, representam muito bem a Igreja. Eles são guardados por Deus (v.5). Devem profetizar 1.260 dias, período esse entendido como compreendendo o tempo entre a primeira e segunda vinda de Jesus (ver 12,4-5.14).  A besta, que surgirá no capítulo 13, os mata (v.7-8). Os povos alegram-se com isso (v.10), possivelmente porque eles pregavam contra seus pecados. Mas três dias e meio depois da morte das duas testemunhas elas ressuscitam (v.11), como o Senhor Jesus, e vão para junto do Pai (v.12). Esse é o destino da Igreja. Embora receba forças para suportar os tormentos que se abatem sobre a terra, sua pregação aos homens desperta ira, e ela é perseguida. Isso tem acontecido na história da Igreja e acontecerá até a vinda de Jesus.  Por fim, temos a sétima trombeta (11,15-19). Ela marca a chegada do fim. Jesus julga os mortos, dá galardão aos santos e destrói os ímpios (v.18-19). Aqui Jesus é visto em toda a sua justiça que trará alegria àqueles que sofreram em seu nome e punição para os que o rejeitaram.      Capítulos 12 a 14. Estes capítulos se dividem da seguinte maneira? 12 e 13: a hostilidade do dragão e das duas bestas? 14: anúncios do julgamento divino. Estamos novamente no passado, na encarnação de Jesus (12,5). A “mulher” é símbolo de Israel, de onde vem Jesus (ver Is 66,7-8 para a imagem de Israel dando a luz filhos), e da igreja, cuja descendência é perseguida pelo dragão (12,17). O “dragão” é Satanás (12,9), e a “criança” que nasce é Jesus Cristo (12,5 - referências ao Salmo 2 que fala do Messias). 
O dragão quer “devorar o filho da mulher” (v.4). Ou seja, ele queria matar Jesus Cristo antes que Ele consumasse sua obra na cruz (Ver, nesse sentido, a intenção demoníaca de Herodes em Mat. 2,16-18). Porém não consegue. A criança é arrebatada aos céus por Deus (v.6), o que significa sua ascensão após a ressurreição. O objetivo destes primeiros seis versículos, portanto, é mostrar como o diabo foi malsucedido ao tentar destruir o Senhor Jesus Cristo. Como consequência do que foi dito acima, os versículos 7-12 mostram a expulsão do diabo do céu que se deu com a encarnação, vida (o que pode ser visto através da vitória sobre o diabo no deserto – Mat. 4, e nos diversos exorcismos), morte e ressurreição de Jesus (João 12,31-32; 16,11). Essa expulsão é apresentada através de uma luta celestial (vs.6-9). A vitória de Jesus é assumida pelos cristãos (v.11). A expulsão do diabo já foi mencionada na quinta trombeta (9,1-11) que falava da sua ação sobre os homens descrentes. Agora sua ira (v.12) se manifesta contra a igreja (v.13). A mulher (igreja) foge com “asas de águia” (símbolo de ajuda divina – Ex. 19,4) para o “deserto” (referência à saída do povo do Egito, em direção ao deserto, onde Deus os dirigiu e protegeu contra o faraó).
           Como já foi mencionado, esse “um tempo, tempos, e metade de um tempo” significa todo o período entre a primeira e a segunda vindas de Jesus Cristo. A “água” que sai da boca do diabo (v.15) significa maldade, tribulação lançados contra a igreja (Ver sobre o símbolo da água – Sal. 32,6; e 124,4). Mas a igreja é salva (v.16). Isto só torna o diabo mais irado, e sua próxima investida será através das duas bestas (cap.13).
 A primeira, a “besta que surge do mar” (13,1) é o império romano (ver 17,3 e 9, onde se menciona os “sete montes”, referência explícita à cidade de Roma). O “mar” representa os poderes que se opõe ao domínio de Deus (Sal. 74,13-14; 89,10-11) ou então significa o “mar Mediterrâneo”, lugar de domínio romano. Em ambos os sentidos, mar, aqui, significa oposição a Deus. A besta que vem do mar é o império romano que se opõe a Deus e ao seu povo. Estamos agora falando do presente, dos problemas da comunidade em seus dias diante de Roma.  Por trás deste domínio político, diz João, está o diabo (v.2b). Fica claro que a questão da oposição de Roma que surge, ou surgirá, não é uma questão política apenas, mas sim religiosa. É nesse sentido que os cristãos devem entender a situação e se posicionar diante dela. Se em Romanos. 13 o imperador é instrumento de Deus, neste capítulo ele é instrumento do diabo. Como o cristão deve se comportar diante dessas realidades?
 A “cabeça ferida de morte que é curada” (v.3), no texto grego é muito parecida com a afirmação sobre Jesus, que é o “Cordeiro como tinha sido morto” (5,6). A “cabeça” significa um imperador romano (ver 17,9b). Portanto, há um imperador que arroga o direito de ocupar a mesma posição de Jesus como ressurreto. Na época havia uma lenda que dizia que o imperador Nero, morto em 68 d.C., voltaria à vida, e, cria-se, isso estaria acontecendo. Domiciano era, para o povo, o Nero redivivo! Isso maravilhava “toda a terra” (v.3b) e trazia “adoração ao dragão e à besta” (v.4). Temos, nestes versículos, um princípio importante para a manutenção de todo poder político: criar uma “aura de divinização” em torno de si. Ou seja, apresentar-se como representando Deus, ou então, divinizando seus heróis. É o que acontece com os Estados Unidos, que dizem cuidar da democracia de todo o mundo, como país escolhido por Deus, sendo que, na realidade, trazem opressão. De modo semelhante, o Brasil apresentava o golpe de estado de 1964 como orientado por Deus para preservar a democracia contra o “comunismo diabólico”.
O Apocalipse nos ajuda a ver por “detrás” dessa máscara. Ver o quem realmente está agindo. E o que se esconde por detrás dessa fachada é o poder diabólico que gera violência, sofrimento e derramamento de sangue.   A besta profere blasfêmias, persegue a igreja e a vence, dominando sobre os povos que a cultuam (v. 6-8). É um tempo de opressão. Nessa hora, é importante crer que, apesar do sofrimento e da morte, os cristãos já venceram o diabo (12,11-12).
A segunda besta, a que “surge da terra” (13,11-18), representa o poder religioso do império.                 Ela “parece cordeiro”, referência a Jesus Cristo, mas fala como “dragão” (v.11).
                 É a máquina estatal a serviço da adoração do imperador. Possivelmente fala-se aqui dos sacerdotes dos templos que cultuavam ao imperador e dos altos funcionários provinciais responsáveis pelo desenvolvimento desse culto (v.12).  Mas essa prática só desenvolveu-se porque havia um desejo e aspiração do próprio povo. A sociedade o estimulava (a Ásia Menor foi a região onde tal culto mais se desenvolveu), e aceitava de bom grado a ideia de fazer imagens em homenagem ao imperador para cultuá-lo (v.14). Os cristãos por não adorarem a imagem do imperador, declarando-o Senhor, eram mortos (v.15).
 Esta segunda besta, enquanto manifestação religiosa opera “sinais”, visto que Satanás está por trás dela (2Tess. 2,9). Ela desenvolve uma identidade profética poderosa, semelhante a Elias (v.13. Ver 1Rs 18,30-38). Também torna viva a imagem da besta (v.15a), possível referência aos oráculos que eram proferidos por ela. Assim como os que adoram a Deus foram marcados (7,3), os adoradores da besta também o são (v.16). Tal procedimento significa a identificação daqueles que são leais, tanto a Deus, quanto à besta. Esta caracterização irá definir o destino de cada pessoa no desenrolar do livro. Assim como a marca de Deus, a marca da besta também era simbólica. Não existe dado histórico indicando que todos que adoravam ao imperador recebiam uma marca. A marca consistia na própria lealdade, fosse a Deus ou ao diabo. Portanto, adorar ao imperador inclinando-se diante de sua estátua, maravilhando-se com seus sinais prodigiosos, e seguindo suas orientações como se fosse um deus, já constituía um sinal que haveria de identificar seus praticantes. Do mesmo modo, o “número da besta” (v.18) não introduz um nome específico, visto que já sabemos que a besta é o império romano, representado por seu imperador, Domiciano, mas sim um simbolismo. O número seis, por ser inferior ao sete, número da perfeição, simboliza exatamente seu oposto, a “imperfeição”. Dizer que o número da besta é 666, significa dizer que, apesar de toda sua arrogância e poder, o império romano é imperfeito, até mesmo frágil e que, portanto, é sábio aquele que se mantém ao lado de Deus. A imagem das duas bestas é altamente relevante para nós.
             Muitas vezes, de modo infantil, temos nos preocupado com o “significado” do número da besta e do seu sinal, não compreendendo o real sentido disso. Na verdade, tem o sinal da besta aquele que se sente fascinado pelo estilo de vida da sociedade; aquele que idolatra uma ideologia seja comunista ou capitalista; aquele que coloca um propósito de vida materialista para si; aquele que se deixa guiar por um Estado totalitário, ou pseudo-democrático, etc.  Todas essas expressões de vida e, na realidade, de fé, quando se tornam senhoras de nossa vida, nos marcam com o sinal do verdadeiro dirigente de nossos destinos: o diabo. É por isso que devemos lembrar sempre: a característica deles é 666, ou seja, eles são imperfeitos! Temos tido discernimento para entender isso? A partir de agora vem o anúncio do julgamento de Deus. Passamos a falar do futuro. Um anjo traz um “evangelho” (boa notícia) anunciando que é chegado o “seu juízo” (v.6-7). O anúncio do evangelho não consiste somente de salvação, mas de juízo também (ver Luc. 3,17[linguagem apocalíptica de juízo] e 18). O juízo que tem chegado é definido em relação a Roma.           O anjo anuncia a queda da “Babilônia” (Roma. Ver 1Ped. 5,13). c Vida da igreja com seu Senhor na Nova Jerusalém - cap. 21-22, 5. Vitória sobre o ultimo inimigo, o Dragão (diabo), e Juízo final: cap. 20. 
           Este capítulo tem como centro a vitória sobre o diabo e sua prisão por “mil anos”. Estes mil anos, conhecidos como “milênio”, têm despertado muitas interpretações no decorrer da história. O objetivo aqui não é fazer uma avaliação delas, mas propor uma análise do texto que seja coerente com o resto do livro.  O milênio pode ser visto a partir de duas ênfases diferentes no texto: numa perspectiva “terrena” (vs. 1-3), relacionada com a prisão de Satanás, e numa abordagem “celestial” (vs.4-6), enfocando a presença dos cristãos mortos no céu juntamente com Cristo. O diabo é “preso” por mil anos. Como dissemos acima, isso se relaciona com a vitória de Jesus sobre ele (Ver Luc. 11,20-22; Jõ. 12,31; 16,11; 1Jõ 3,8b).
Esta mensagem já foi apresentada no capítulo 12,7-12. Esta prisão significa que ele não tem mais poder para “enganar as nações” (v.3). Antes da manifestação de Jesus Cristo, o diabo exercia domínio (não absoluto, é claro) sobre os povos, guiando-os para a distância de Deus. Mas com a presença de Jesus e posteriormente da Igreja, os homens começam a ser arrancados do reino do diabo e transportados para o reino de Jesus (Col 1,13).  Agora as trevas não podem mais se opor à luz (Jõ. 1,5). Através da pregação do evangelho os homens são chamados à salvação. O período de “mil anos” durante o qual o diabo está preso deve ser entendido simbolicamente, do mesmo modo como foram entendidos os “quarenta e dois meses” (11,2), os “mil duzentos e sessenta dias” (11,3; 12,6), o “um tempo, tempos e metade de um tempo” (12,14), e “uma hora” (17,12). Este período representa um tempo que se estenderá “da encarnação até um pouco antes da segunda vinda de Cristo”. Logo após os mil anos o diabo “será solto por pouco tempo” (v.3).
         Dentro de uma perspectiva “celeste”, os mil anos relacionam-se com o destino daqueles que têm sido mortos em nome de Jesus (v. 4-6). Eles são descritos como “sentados em tronos para julgar” (v. 4). Esta visão é conhecida do resto do Novo Testamento (Ver Mat.19,28; Luc. 22,30; 1Cor. 6,2). Eles “reinam” (v.4) e são “sacerdotes” (v.6) junto a Cristo. Isto já foi dito daqueles que creem em Jesus (1,6; 3,21; 5,10). Se anteriormente eles foram apresentados “sofrendo” em nome de Jesus, agora eles são vistos “reinando” com Ele. Isso era muito importante para as comunidades para quem João escrevia. Mesmo que para o mundo os cristãos fossem perdedores, na realidade eles eram vencedores. Estavam na presença de seu Senhor reinando juntamente com Ele.
A “primeira ressurreição” da qual falam os versículos 5 e 6 é o modo pelo qual João vê a morte dos servos de Deus. Para ele, quando um cristão morre, ele experimenta a “primeira ressurreição”. Ele vai para junto de Jesus Cristo. Vive como ressuscitado, com a única diferença de que ele ainda não está de posse de seu corpo (o que se dará na ressurreição geral dos mortos na segunda vinda de Jesus). É o que marcará a diferença entre essa primeira ressurreição, e a ressurreição geral de todos os mortos. É por isso que João pode dizer que quem experimenta a primeira ressurreição não sofre a “segunda morte”, ou seja, a morte eterna. Nesse sentido, pode parecer estranho que o escritor diga que “os restantes dos mortos não reviveram até que se completassem os mil anos”. Mas a questão aqui é que João não está preocupado com a morte dos ímpios. Para ele, basta saber que na ressurreição geral, que se seguirão após os mil anos, eles serão julgados (20,12-15). Não lhe interessa o “estado intermediário” da alma dessas pessoas.
              O importante é dizer que os “crentes”,  aqueles que foram “fiéis” a Jesus Cristo já estão em Sua presença.  Nos versículos 7 a 10 é descrita a vitória sobre o diabo. Após os mil anos, o diabo é solto (v.7) por “um pouco de tempo” (v.3b). Será um período curto de tempo no qual ele fará uma oposição feroz a Deus. Paulo já falou dessa manifestação satânica dos últimos tempos (2Tess. 2,1-4; 7-12). Essa oposição é descrita no Apocalipse como uma sedução das nações que há “nos quatro cantos da terra” (v. 8a = todas as nações do mundo), que são chamadas de “Gogue e Magogue”. Tais nomes vêm de Eze. 38,2 e, qualquer que seja o sentido que desenvolvem nesse texto, aqui eles simbolizam a reuniam de todos os povos ao lado do diabo para lutar contra Jesus Cristo. O texto não descreve a luta, dando, porém o resultado: “desce fogo do céu e os consome” (v.9). Tal batalha já foi descrita como acontecendo num lugar desconhecido ou ignorado chamado “Armagedom” (16,13-16); ou como a reunião de dez reis com a besta para lutar contra o Cordeiro (17,12-14); ou mesmo como a batalha de Jesus contra a besta e os reis da terra (19,19-20). São maneiras diferentes de descrever a mesma cena. Por fim, o diabo é vencido. Ele é lançado no lago de fogo e enxofre onde estão a besta e o falso profeta (v.10). O último inimigo do Senhor Jesus e da Igreja é derrotado!
O final do capítulo (vs. 11-15) apresenta a segunda vinda de Jesus Cristo como o dia de julgamento para os homens. Esta cena é vista de outras duas perspectivas no livro: como uma ceifa (14,14-20), e como uma batalha (19,11-21). Embora não se diga quem é o juiz, deve ser o próprio Deus, que é várias vezes designado como aquele que está sentado no trono (4,2; 5,1. 7.13; 6,16; 17,10. 15; 19,4; 21,5). Os mortos de todos os tempos e épocas se apresentam diante do dEle (vs. 12-13). Esses, que até aqui receberam juízos “na história”, serão julgados segundo suas “obras”. Não devemos estranhar tal afirmação visto que aparece em outros lugares como Mat. 25,31-46; e 2Cor.5,10. Os cristãos foram criados para “boas obras” (Ef. 2,10) e pelos seus “frutos” é que podem ser conhecidos (Mat. 7,16-18). O destino das pessoas será decidido em função de sua postura: se foram seduzidos e seguiram a besta, serão condenados. Se forem fiéis a Jesus Cristo, e colocaram sua lealdade a Ele acima do amor a suas próprias vidas, terão seus nomes inscritos no livro da vida (vs. 12 e 15). A partir desse momento, o livro descreverá a vida dos cristãos em comunhão com Deus e Jesus Cristo (cp. 21 e 22).      Conclusão: O capítulo 20 é a conclusão das lutas e batalhas pelas quais a igreja passa neste mundo. Os cristãos mortos são vistos no céu reinando com Jesus. O diabo, em sua última oposição é derrotado. E o destino final dos homens é manifestado. A partir daí só haverá gozo (cp. 21 e 22).              
 Estudos no Livro do Apocalipse: O aprisionamento do Dragão (Satanás) e a vitória da Igreja:
Parte II - Capítulos 20 a 22,5
 Neste segundo estudo desta seção que intitulamos Vida da Igreja com seu Senhor na Nova Jerusalém  abordaremos o capítulo 21:1 até 22:5. Vimos anteriormente a derrota do diabo e o juízo final (capítulo 20). Agora veremos o povo de Deus em Sua presença na eternidade gozando da recompensa da fidelidade a Ele.                                                                                                                    1. A vida da Igreja com o Senhor na Nova Jerusalém  cap. 21:1-22:5. Este texto pode ser dividido em duas partes, onde cada uma delas começa fazendo referência à “cidade Santa, a nova Jerusalém, que desce do céu” (vs. 2 e 10) e à “noiva” (vs. 2 e 9):  Visão Geral sobre a Nova Era inaugurada por Cristo - 21:1-8. Descrição da Nova Jerusalém - 21:9-22:5. Visão Geral sobre a Nova Era inaugurada por Cristo - 21:1-8.  Esta Nova Era é apresenta em três aspectos.  (A). O que estará ou não estará presente - vs.1-4.
               O que estará presente é apresentado por João através da palavra “vi” (v.1a e 2). O que deixará de existir é indicado pela frase: “já não existe” (v.1b e 4). Haverá um novo céu e uma nova terra - v.1). Céu e terra é uma expressão que indica a totalidade da criação formando agora um novo meio-ambiente em que haverá harmonia (ver essa ideia em Isaias. 11,6-10).  Como o ser humano, a natureza será resgatada do poder do pecado (Rom. 8,20-22). A colocação de João quer nos mostrar que não habitaremos num lugar “desconhecido”, mas nesta mesma terra que Deus criou para o nosso regozijo. Todas as coisas belas da criação, que hoje são afetadas pelo pecado, estarão redimidas e com toda a sua beleza e esplendor e desfrutaremos delas como Adão e Eva no princípio. Não haverá mais o mar - v.1. Sinônimo do caos e de oposição a Deus, as águas no Apocalipse representam os povos que estão sob o domínio de Roma (17,15). Por isso a besta (império romano) é vista emergindo do mar, indicando com isso que ela é colocada em evidência como a líder dos povos (cap. 13,1).  Diante disso, devemos ver a não existência do mar, não como a negação de sua realidade física. O texto não quer dizer que os mares que existem na terra deixarão de existir na Nova Criação, pois eles, como o resto da obra de Deus, serão redimidos e existirão para o gozo e benefício dos salvos em Cristo. Mas o que se pretende aqui é usar o “símbolo” do mar para indicar que aquilo para o que ele aponta a oposição a Deus, não estará presente nesta nova realidade de harmonia total. Portanto, não são os “mares” que não existirão, mas sim aquilo que eles simbolizam o poder do império romano que perseguiu a igreja. Esse sim não existirá. Haverá a nova Jerusalém que desce do céu - v.2-3. Ela está vestida como “noiva”. Esta indicação é importante, pois em 19,7-8 é a “Igreja” que se apresenta como noiva, e em 22,17 é ela, a Igreja, que diz: “Vem”, para seu noivo, Jesus Cristo. Podemos inferir, portanto, que a Nova Jerusalém, vista como “noiva” é uma figura que se refere à Igreja, a noiva do Cordeiro. Este modo de interpretar também está de acordo com o v.3 onde se fala novamente da Nova Jerusalém, agora como o “Tabernáculo” de Deus com os homens. Nesse versículo não se diz que Deus habitará “na Nova Jerusalém” com os homens, mas apenas que “Deus habitará com eles”. Portanto, a Nova Jerusalém é a própria Igreja, o Povo de Deus com o qual Ele habitará. Não haverá mais sofrimento - v.4. As lágrimas e o pranto, bem como a morte e o luto decorrente dela, que foram trazidos aos cristãos pela perseguição, e que, no decorrer dos tempos têm vindo sobre aqueles que são fiéis a Jesus Cristo, “não existirão”. Eles fazem parte das “primeiras coisas” que já passaram.  Representam o mundo sob o pecado e suas consequências que foi vencido e não se manifesta mais. 
(b). O responsável pelo surgimento da Nova Criação - v.5-6. Depois de descrever como será esse novo mundo onde os salvos em Cristo habitarão, João apresenta o responsável por tudo isso. É o que “está assentado no trono”. No Apocalipse, é sempre Deus que está assentado ali (ver, por exemplo, 4,2-3).          Ele é o “Alfa e o ômega”, o “princípio e o fim”. Isso quer dizer que tudo o que aconteceu, tem acontecido e acontecerá, desde o começo até o fim, está sob as mãos poderosas de Deus. Na realidade, tudo o que é descrito no Apocalipse, mesmo quando traz sofrimento e às vezes falta de compreensão aos cristãos, faz parte do “livro que está nas mãos de Jesus Cristo” (5,7), e que foi aberto por Ele em sua exaltação.  O seu conteúdo revela o domínio de Deus sobre a história. É por isso que o final do livro apresenta a vitória final da Igreja. Ela é cuidada e dirigida por Deus até o final. 
c.) Quem participa e quem não participa na Nova Era - 7-8. Os que gozarão da comunhão eterna com Deus são descritos como “vencedores” (ver 2,7.11.17.26; 3,5.12.21). Eles são os que não assimilaram os valores de Roma e, quando necessário, pagaram o preço da fidelidade com a própria vida. Os que não participam são descritos no v.8. É uma descrição genérica, que inclui todos os homens que tiveram esse tipo de comportamento. Porém é importante observar que alguns “cristãos” podem estar presentes nessa lista. É significativo que ela comece com os “covardes”. Poderia ser uma referência aos cristãos que não tiveram coragem de assumir sua fé até os últimos limites. Os “incrédulos” podem também indicar não apenas os que não creem em Deus, mas também aqueles que não creram nas palavras de João, o escritor do livro, achando-o muito radical em sua postura. Portanto, essa advertência é para todos os homens, mas também para os cristãos “nominais”.   Descrição da Nova Jerusalém - 21,9-22,5. Estes versículos desenvolvem o tema da Nova Jerusalém apresentado em 21,2-3. A descrição começa no v. 12. Devemos lembrar que já consideramos a Nova Jerusalém como uma figura para a Igreja. Tal posição pode parecer estranha ou pouco comum, mas creio que ela se enquadra no estilo literário de João. Ele usa comumente figuras e imagens simbólicas.
A “Babilônia” simboliza Roma (17,9a) que por sua vez simboliza o centro do poder imperial.              O “Dragão” simboliza Satanás (12,9), os “sete espíritos” (1,4) representam o Espírito Santo, “mil anos” simbolizam o período entre a encarnação, morte e ressurreição de Jesus Cristo e um tempo imediatamente anterior à sua segunda vida, e assim por diante. Se a simbologia é tão comum no livro, por que justamente agora deveríamos tomar a descrição da Nova Jerusalém como algo literal e concreto? Portanto, creio que nossa interpretação está coerente com o resto do livro. Sendo assim, devemos tomar por certo que, onde o escritor fala da cidade, ele está usando uma linguagem simbólica para falar do povo de Deus, da Igreja, de nós mesmos. è a). É protegida - v.12. Essa proteção é indicada pela referência à “muralha alta” (Ver Isaias 26,1). Na antiguidade era inconcebível uma cidade que não estivesse protegida contra seus inimigos através de uma muralha inexpugnável. Essa ideia é usada aqui para dar certeza aos que estarão na presença do Pai de que nenhum mal os ameaçará. O tempo das ameaças e perigos já terminou.  èb). Tem nos apóstolos seu fundamento - v.14. Esta afirmação era básica para todos os outros escritos do Novo Testamento. A Igreja foi constituída sobre o ensino, o fundamento dos apóstolos (ver Ef. 2,20). Assim, só participa do povo de Deus aqueles que seguiram os ensinos dos apóstolos, que por sua vez eram os ensinos de Jesus Cristo. Os que seguiram ensinamentos estranhos (2,14-15. 20-23) correm o risco de ficarem destituídos da vida na Nova Era. è c). Tem a presença intensa de Deus - v.16. A cidade é um “cubo”. Tem comprimento, largura e altura iguais. Isso lembra 1Reis 6,20 que fala do “santo dos santos” como um cubo. A ideia desse texto vétero-testamentário estaria presente no texto de João. Se antes Deus se manifestava somente no Santo dos Santos e apenas para o sumo-sacerdote, agora, na Nova Jerusalém, Ele se manifesta em toda a cidade (ver 21,3), isto é, a todas as pessoas de modo glorioso.
 d). É preciosa - v. 18-21. Lembremos novamente que a ideia da cidade aponta para a realidade do “povo de Deus”. Portanto, todas as pedras preciosas alistadas ali, bem como “a cidade de ouro puro” (v. 18) não são realidades concretas, mas símbolos para falar da Igreja. Talvez alguns de nós fiquemos tristes ao saber que “não andaremos em ruas de ouro” na Nova Jerusalém, mas eu pergunto: o que é mais importante, andar em ruas de ouro (que não têm valor monetário nenhum na nova vida), ou ser, você mesmo, comparado com o ouro, e com pedras preciosas? Para Deus seu povo é tão precioso como o ouro ou as pedras mais belas e preciosas que existem. Será que pensamos assim de nós mesmos e dos outros irmãos? èe). Deus será pleno nela -v. 22-23. Na Nova Era não existirá Templo (v. 22), lugar de culto e adoração a Deus, pois Ele será cultuado em todo lugar. Não haverá sol nem lua (v.23; 22,5) - Deus será a luz que guiará os seus em todo o tempo (ver Sal 27,1a). è f.) Tem vida abundante - 22,1-2. Essa ideia é evidenciada pela repetição da palavra “vida”. Existirá a “água da vida” (ver Jõ. 7,38-39), e a “árvore da vida” (ver Gên. 2,9). Se essas imagens serão literais ou não, não se sabe. O importante é o sentido delas. Mostram que a vida não será inerente ao homem, mas será dada por Deus. Temos novamente a ideia da Nova Criação como em 21,1a e agora de modo mais claro seguindo os moldes do paraíso (v. 2. Compare com Gên 2,9). Isso reforça o que dissemos lá. Não moraremos num lugar estranho, cercado de nuvens e sem fazer nada o tempo todo. Com a imagem da Nova Criação apresentada como o retorno do paraíso, nos é dito que voltaremos à vida como Adão e Eva tinham antes do pecado. Pense nisso. Poderemos gozar de toda a criação de Deus, passeando pelas matas, vales e montanhas, tomando banho de mar e tendo Deus a todo instante e em todo o lugar em nossa companhia. Pensar na eternidade assim significa encher o “céu” de vida. Devemos ter vontade de estar com Deus na eternidade, porque lá haverá uma continuidade de nossa vida, em nosso mundo, agora totalmente redimidos, para o nosso prazer.
Conclusão: Depois de tanta luta e sofrimento descritos no Apocalipse, João traz-nos uma imagem da Nova Era, o Novo Mundo que, por sua beleza, torna-se difícil de descrever. Os santos fiéis a Cristo que já morreram fizeram por merecê-la. Não que tenham sido salvos por suas “obras”, mas por que elas evidenciam sua fidelidade e amor a Jesus. Ao invés de morarem na Nova Jerusalém eles mesmos, e nós também, “seremos a cidade santa de Deus”. E o Novo Mundo não será novo no sentido de algo estranho, ou desconhecido, mas será este mesmo velho e maravilhoso mundo onde moramos, mas renovado e redimido, como nós, onde habitaremos em perfeita harmonia e comunhão para sempre. Aleluia! 
Conclusão: 22,6-21: Com este estudo terminamos o livro do Apocalipse. Depois de uma longa caminhada, temos as últimas palavras de João. Estes versículos funcionam como uma conclusão onde o escritor volta a citar vários pontos que já foram mencionados no começo do livro para que nos lembremos do objetivo e da função desse escrito. Traz também várias advertências sobre a não observância daquilo que foi revelado.   
             Embora seja um texto um tanto complexo, trazendo certa dificuldade para se perceber sua estrutura, podemos dividi-lo em duas partes tendo como fator estruturador a frase: “eis que (certamente) venho sem demora” (vs. 7. 12 e 20).  Objetivo do livro e advertências contra sua não observância - 22,6-10 e vs.16-21. O comportamento dos homens diante da iminente vinda de Jesus Cristo - 22,11-5. Veja o que nos diz vers. 22,6-10 e vs. 16-21. Os dois blocos de versículos (vs. 6-10 e 16-21) são analisados conjuntamente devido ao conteúdo deles. Ambos começam afirmando que um “anjo foi enviado para comunicar a mensagem” (vs. 6 e 16). No v.6 é “Deus” quem envia o anjo; já no v.16 é “Jesus Cristo”. Segundo 1,1 é Jesus quem envia seu mensageiro, porém nesse mesmo versículo Deus é o autor primeiro de tal revelação, sendo, portanto, indiretamente também responsável pelo envio do anjo. No v. 6 a mensagem é dirigida aos “servos” de Deus. O v. 16 especifica quem são esses servos: são “as igrejas”, ou seja, as sete igrejas dos capítulos dois e três. Isso deve nos lembrar que para entendermos a mensagem devemos primeiramente perceber o que ela queria dizer para aqueles cristãos no “tempo em que eles viviam”. Somente depois é que poderemos atualizá-la. Grande parte dos erros de interpretação do Apocalipse acontecem pela desconsideração dessa questão.
 Diante da afirmação de que Jesus “vem sem demora” (v.7), o Espírito Santo e a Igreja (noiva) dizem: “Vem” (v.17). Mas para que esse desejo se cumpra de modo eficaz na vida do cristão é necessário que Ele “guarde” as palavras do livro (v.7b). Isso já foi dito em 1,3. “Guardar” significa “viver, observar, cumprir na vida”. De modo mais específico, “guardar” significa “não acrescentar nada” (v.18) e “não retirar nada” (v.19). O que Deus tinha que revelar está no livro, não existe acréscimos. Isso é importante diante de tanta fantasia que tem existido em torno do Apocalipse durante a História. Acrescentar pode significar uma mudança da mensagem numa visão “espiritualista e mística” do livro que não leva em consideração todo o caráter político e social do confronto da Igreja com a besta e o dragão. “Tirar” pode revelar o pensamento por parte de alguns de que João foi muito radical em suas posições, que a realidade não é assim. Isso pode ter acontecido na época de escritor e pode acontecer em nossos dias. Talvez essa tentação se apresente na vida daqueles que acham que podem ter uma vida fiel a Deus e ao mesmo tempo andar de mãos dadas com o mundo e seus conceitos. Finalmente, João novamente nos apresenta sua definição sobre o livro que escreveu: é uma “profecia” (v.7. 10. 19 com 1,3). Já falamos do sentido de profecia na Introdução - II. A profecia é o “testemunho de Jesus” segundo 19,10b. Ou seja, este livro é uma profecia na medida em que fala dos desígnios de Jesus Cristo, Sua vontade para seu povo e para a Humanidade.
            Portanto, o livro é muito importante, visto que não contém palavras de João, mas de Jesus mesmo.  2. O comportamento dos homens diante da iminente vinda de Jesus Cristo. 22,11-15. Este bloco, por estar no meio dos dois textos anteriores (vs.6-10 e 16-21) apresenta como que uma consequência em relação à eles. Os servos de Deus, aqueles que desejam ansiosamente a vinda de Jesus Cristo, que não acrescentam nada e nem retiram nada do livro, têm um tipo de comportamento no presente.  Aqueles que não observam as palavras da profecia e não se importam com a vinda de Jesus Cristo, apresentam um modo de vida próprio. Os vs.11-15 tem como função realçar essa questão como um alerta para os cristãos daquela época e para nós, os que vivemos no presente.
O texto apresenta um tom realístico impressionante. Se no último estudo vimos à beleza e glória da vida com Jesus Cristo no Novo Céu e na Nova Terra, este texto nos traz de volta ao presente fazendo-nos esquecer de qualquer pensamento ingênuo que nos leve a pensar que a vida não precisa ser exatamente igual àquela apresentada no Apocalipse.  “As coisas podem ser mais fáceis”, dirão alguns. Mas para João a vida é dura e cheia de conflitos exatamente como o livro nos mostra. Vemos isso no v.11 onde se diz que os homens continuarão até a vinda de Jesus Cristo sendo “injustos e imundos” de um lado, e “justos e santos” de outro. Embora o cristão tenha um compromisso social com a sociedade segundo outros textos do Novo Testamento, o conflito entre a vontade de Deus e a ação do diabo continuará até o fim. Não existe meio termo. Ou se está de um lado, ou de outro. É a postura diante da mensagem do livro que irá decidir qual nossa posição. Falando do destino final dos seres humanos, João novamente apresenta de uma divisão entre os homens. Haverá aqueles que “entrarão na cidade pelas portas”. São os que foram julgados por “suas obras” (21,11-15) e que receberão o “galardão” (v.12. Ver 11,18). Possivelmente esse galardão significa simplesmente a salvação, “o direito à árvore da vida” (v.14b). Mas enganam-se aqueles que pensam que o Apocalipse trabalha com o conceito da salvação “pelas obras”. Para João, as obras são evidência da fé e da fidelidade. Porém todos os cristãos estarão na presença de Jesus Cristo porque “lavaram suas vestiduras no sangue do Cordeiro” (v.14).  Por outro lado, haverá aqueles que ficarão de fora. São apresentados no v.15. Eles já apareceram em 21,8 como aqueles que, longe de participarem do Novo Céu e da Nova Terra, irão para a “segunda morte”. São os que não levam em conta as advertências do Apocalipse. São os mesmos  “injustos e impuros” do v.11a.  Através destas palavras, João está advertindo solenemente a todos os homens, cristãos ou não, a darem ouvidos às palavras da Revelação. Nós temos levado seu ensino a sério?
Conclusão: Estes últimos versículos do livro querem dar um caráter solene à obra diante de seus ouvintes. Ela não pode ser menosprezada. Seu objetivo é abrir os olhos daqueles que têm contato com ela a fim de poderem discernir a época em que vivem. O fim “não está distante”. O diabo não irá se manifestar apenas no “futuro”. A besta não é nenhum ser “bizarro” que aparecerá com uma placa indicando: “besta”, nem seu sinal será uma “tatuagem”, ou o “código de barras” das embalagens. O Apocalipse é atual e sempre será. Ele nos ajuda a ver, por trás das estruturas sociais e políticas, quem está realmente agindo. Ele nos questiona se “já” não temos a marca da besta, se não seguimos o estilo de vida de uma sociedade secularizada que é guiada pelo diabo. Espero que o estudo deste livro tenha ajudado você a discernir melhor a vida e a se posicionar diante dela. Meu desejo é que diante da mensagem do Apocalipse você não seja considerado como “morno”. Isso será muito perigoso. Se este estudo ajudou-o a quebrar barreiras que se levantavam contra o Apocalipse, e se você passou a “simpatizar”, “gostar” e a “respeitar” este livro, já estarei satisfeito. Afinal, devemos reconhecer que a Bíblia não poderia terminar com outro livro tão maravilhoso como o Apocalipse!
Bibliografia: BORING, M. Eugene. Revelation. Louisville, John Knox Press. 1989. 236 p. (Série: Interpretation. A Bible Commentary for Teaching and Preaching). CAIRD, G.B. The Revelation of Saint John. Peabody, Hendrickson Publishers. 1966. 316 p. (Série: Black’s New Testament Commentary). HENDRIKSEN, W. Mais que Vencedores. Grand Rapids, T.E.L.L, 1977. 256 p. (Existe tradução em português pela Casa Editora Presbiteriana). LADD, George Eldon. Apocalipse. Introdução e Comentário. São Paulo, Edições Vida Nova e Editora Mundo Cristão. 1980. 224. (Série: Cultura Cristã). MESTERS, Carlos. Esperança de um povo que luta. O Apocalipse de São João. Uma chave de leitura. 7a ed. São Paulo, Paulus. 1983. 82 p. PRIGENT, Pierre. O Apocalipse. São Paulo, Edições Loyola. 1993. 455 p. (Série: Bíblica Loyola, no. 8). TALBERT, Charles H. The Apocalypse. A Reading of the Revelation of John. Louisville, Westminster John Knox Press. 1994. 123 p. WILCOCK, Michael. A Mensagem do Apocalipse. São Paulo, ABU (Aliança Bíblica Universitária) Editora. 1986. 196 p. (Série: A Bíblia Fala Hoje).         
Nobres leitores (as) eis ai mais um comentário teológico agora no livro de Apocalipse. O comentário teológico é mais abrangente, pois estas pessoas estudam mais a fundo o tema. Eu não sou teólogo, nem pastor, mas sim uma pessoa que lê muito a Bíblia, mas que tem uma opinião diferente de um teólogo. Espero poder ter dado a todos vocês uma oportunidade de saberem e conhecerem um pouco mais o que  representa cada livro bíblico.
Muito obrigado a todos vocês pelo incentivo, e pelo apoio que vocês tem me dado através de meu blog, que hoje já atingiu a mais 60 mil acessos. Por ser um blog serio, tenho que considerar estes números.   Não sou teólogo e nem pastor, mas sim capelão hospitalar formado em 2012 pela Igreja Batista, e pela  UfMS em 2014 curso dado pelo professor de Bioética para os alunos de medicina da UfMS, e pastor, capelão e Capitão do Corpo de Bombeiros de MS Ednilson Reis    
Campo Grande 19 de março de 2015 dia da ultima revisão: jcr0856@hotmail.com  

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Discernimento, entendimento e Sabedoria: O que é discernimento segundo a Bíblia. Parte I Também em Inglês Grego e Alemão

Discernimento, entendimento e Sabedoria: O que é discernimento segundo a Bíblia. Parte I                   Conhecendo  melhor a Bíblia, e a palavra de Deus.            Nobres leitores irei mostrar a todos vocês um pouco mais sobre o que é discernimento segundo a palavra de Deus.  O discernimento é essencial no processo de tomar decisões sábias.   A Bíblia diz em Tiago 1: “ 5  E, se algum de vós tem falta de sabedoria, peça-a a Deus, que a todos dá liberalmente, e o não lança em rosto, e ser-lhe-á dada. 6  Peça-a, porém, com fé, em nada duvidando; porque o que duvida é semelhante à onda do mar, que é levada pelo vento, e lançada de uma para outra parte. 7  Não pense tal homem que receberá do Senhor alguma coisa. 8  O homem de coração dobre é inconstante em todos os seus caminhos. 9  Mas glorie-se o irmão abatido na sua exaltação, 10  ...
                              A Bíblia Sagrada:     (Comentada por livros, no Antigo Testamento) Cap. 01: Comentário inicial nos livros de Gênesis:      Nobre leitor (a) vamos conhecer um pouco mais sobre este livro Sagrado chamado Bíblia. No princípio, Deus criou todas as coisas: Deus criou os céus, a terra, as águas, rios, mares e oceanos.  Mas Deus viu que a terra era sem forma e vazia; era um abismo escuro, vazio, sem vida:            Deus, disse assim. Haja luz, houve luz : Deus viu que era boa a luz, e decidiu fazer a separação entre luz e trevas. Criou assim o dia. A luz passou a ser chamada de dia, as trevas, noite: assim também foram criados os rios e mares. Deus pensou também nisto, e fez a separação e a expansão das águas, colocando junto à porção seca, chamada terra. Deus viu que tudo que havia criado,...